Encontrei um animal na rua. O que devo fazer?

A maioria das pessoas assume que um animal na rua é sinónimo de ter sido abandonado, mas a verdade é que, em muitos casos, trata-se de animais que estão perdidos.

Nem sempre é fácil determinar se um animal está perdido, mas há indícios que, isolados ou combinados, poderão apontar para essa possibilidade. Verifique, por exemplo, se  o animal tem coleira, peitoral ou trela, se apresenta sinais de ter recebido cuidados veterinários recentes (tem um penso ou usa um colar isabelino), se parece estar desorientado, se está tosquiado, se tem as unhas pouco gastas, se não está sujo e tem o pelo bem tratado, se está bem nutrido, se obedece a comandos básicos, se sabe andar à trela, ou se é meigo e sociável.

Quando se encontra um animal, deve-se sempre tentar procurar a sua família original. Lembre-se, no entanto, que um animal assustado e possivelmente doente ou ferido pode comportar-se de forma imprevisível. Um movimento brusco poderá assustá-lo, levando-o a fugir ou mesmo a ser agressivo, como forma de defesa. Por isso, aproxime-se do animal com cuidado e verifique se tem uma placa com um número de contacto.

Em caso afirmativo, ligue para esse número. Se o animal tiver uma placa com o número de registo camarário, dirija-se ao canil municipal em questão, no sentido de obter o contacto da família proprietária.

Caso o animal não tenha nenhuma identificação visível, tente verificar com cuidado se a coleira (caso a use) tem algum contacto escrito por fora ou no interior.

Se, ainda assim, não conseguir encontrar nenhum contacto, é importante que leve o animal a uma clínica veterinária para verificar se estará identificado eletronicamente. A verificação da existência ou não de microchip é gratuita em qualquer veterinário. A clínica terá a responsabilidade de contactar a base de dados onde se encontram as informações do respetivo dono e de falar com o mesmo, explicando-lhe a situação.

No caso de não conseguir identificar o animal por nenhum dos meios sugeridos, antes de o tirar da rua, é muito importante que averigue junto dos moradores e dos comerciantes locais se o conhecem. Se ninguém o reconhecer, tente albergá-lo em sua casa ou encontrar alguém ou alguma clínica veterinária que o possa acolher temporariamente enquanto tenta localizar a família original.

Pesquise animais com características semelhantes em sites de procura de animais desaparecidos, como o  Encontra-me.org , uma ferramenta on-line, visitada por milhares de pessoas e que contém uma extensa base de dados a nível nacional, graças à qual muitos animais têm sido reunidos com as suas famílias.

A Ordem dos Médicos Veterinários também colabora na procura de animais perdidos, através da plataforma online FindMyPET.
Divulgue nas redes sociais.

Crie folhetos, imprima vários e leve-os consigo para a zona em que o animal foi encontrado. Distribua-os por todos os locais que julgue adequados, como clínicas veterinárias, pet shops, supermercados, lojas e outros locais de circulação de pessoas. Volte a questionar os moradores, comerciantes e outros frequentadores da zona e fique atento a eventuais folhetos a divulgar o desaparecimento do animal.

Contacte também os Centros de Recolha Animal (CRO) do concelho e os dos concelhos vizinhos (por exemplo, deixando ou enviando um folheto de divulgação). Poderá obter a localização e os contactos dos CRO nos sites das Câmaras Municipais.

Se necessário, anuncie o animal em jornais e estações de rádio locais.

Antes de entregar o animal a qualquer pessoa, deverá certificar-se de que essa pessoa é realmente a responsável pelo animal (colocando-lhe todas as perguntas que julgar pertinentes e pedindo-lhe, por exemplo, fotografias como meio de prova).

Depois de o animal ter regressado ao seu lar, deverá atualizar o anúncio que publicou, recolher os folhetos que afixou e informar as pessoas e instituições que o ajudaram.

Tenha em atenção que, muitas vezes, os esforços de quem perde um animal e de quem encontra esse animal podem levar semanas ou até meses. Se não for contactado num período razoável e não puder adotar, deverá procurar um novo lar para o animal. Arranje uma família definitiva ou, no mínimo uma FAT (família de acolhimento temporário). Contacte associações, blogs de animais, entre outros, explicando a situação e peça para divulgarem o animal, conseguindo assim mais visualizações.

Quando o animal for adotado, certifique-se que se trata de uma adoção responsável. Pode fazê-lo, por exemplo, mantendo contacto com o novo dono, pedindo fotografias ou até mesmo visitando o animal sempre que tiver possibilidade. Informe sempre o adotante de que se trata de um animal que poderá estar perdido e que, por isso mesmo, poderá ter de ser entregue à sua família original.